sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ricardo Lobão: um treinador diferente

Ricardo Lobão tem já duas décadas como treinador de futsal. Percorreu todos os escalões da formação e, actualmente, é o treinador do clube Leões de Porto Salvo.

A sua ideia sempre foi ser um treinador diferente e facilmente percebemos que estamos perante alguém que quer ganhar, mas que também quer educar os seus atletas a ser homens e jogadores.
Ser treinador é muito mais do que ganhar...Passados mais de 10 anos percebi que não era bom treinador. Eu só ensinava aquilo que achava que era melhor. Era treinador da formação e devia tê-los preparado para todos os cenários possíveis e para diferentes abordagens. Por isso, ainda hoje procuro ser treinador.

Esteve à frente do Sassoeiros durante 10 anos e o seu trabalho como o da equipa técnica mostrou que, com poucos recursos financeiros, é possível formar uma boa equipa e atingir os objectivos.
Tendo atletas com boa qualidade mental aliada a alguma técnica criaram-se grupos competitivos e deu-se dimensão não só ao clube, mas também à carreira de muitos jogadores.

A fusão está a correr como esperada?
No que diz respeito aos jogadores, está a correr normalmente. Estamos a consolidar uma equipa, temos jogadores novos e cada um tem o seu espaço e a sua função. Houve muito trabalho no início. Os jogadores vinham de metodologias diferentes mas não houve problemas na junção das duas equipas. Desde o primeiro treino que as regras do jogo ficaram definidas. Nenhum atleta teve dúvidas sobre para o que vinha e qual o seu papel nos Leões.
Quanto ao clube em si, a direcção deu-nos condições e não nos tem faltado nada. Pelo trabalho da direcção e dos directores já ganhámos o campeonato. Falta a equipa técnica e os jogadores retribuírem esse empenho.

Os jogadores estão a corresponder?
Aqui não há jogadores de dois clubes e foi formado um só grupo, não há nenhum problema de identidade.
Os jogadores surpreenderam pela positiva tanto do ponto de vista humano, como do ponto de vista de evolução táctica. Temos um excelente grupo, muito forte e com um excelente espírito de compromisso colectivo e isso tem feito diferença. No geral, a resposta dos atletas foi boa e tem estado sempre a melhorar.

É fácil lidar com tantas «vedetas» no mesmo grupo?
Vedetas? Estrelas só no céu. A vedeta é a equipa. Porque é a equipa que perde os jogos, ganha os jogos. A equipa técnica é o regulador, o gestor de personalidades e pormenores para que tudo funcione. Os jogadores tornam possível a concretização dos objectivos. É isto!

Estas goleadas iniciais fazem antever um bom campeonato?
É uma fase boa de resultados e não podemos falar só dos resultados, mas também da qualidade defensiva. A minha organização defensiva termina quando perco a bola na finalização e, isto consegue-se com treino, com o compromisso colectivo e ideia de jogo. E, claro, há outras equipas que nos podem surpreender, mas para nos ganhar têm de ser melhores do que nós.

Objectivos para esta época?
Ganhar o próximo jogo.

E a longo prazo?
O clube pediu-nos que subíssemos de divisão. E nós respondemos: vamos ganhar o campeonato. O director ficou surpreendido porque normalmente os treinadores põem entraves, mas nós queremos mais.
Os meus jogadores costumam dizer que eu nunca estou satisfeito.

Quais são os principais rivais?
O próximo adversário é o do próximo jogo, o Louletano do Algarve.
Numa 2ª divisão, as primeiras 10 jornadas vão dizer o que as equipas são. As 16 últimas vão consolidar, por isso é difícil nomear rivais nesta fase. Mas são os pormenores que fazem a diferença dos melhores para os piores e tratamos as equipas de igual modo. Não são divisões ou adversários que descaracterizam o nosso jogo.

O nome Ricardo Lobão tem de ser entendido como equipa técnica. Muitas vezes o trabalho dos técnicos é personalizado no nome do treinador, mas Ricardo vincou, desde o início até ao fim da entrevista, o papel, não apenas seu, mas da equipa técnica que se "esconde injustamente" por detrás do seu nome.
O meu nome não pode ser personalizado pelo trabalho que é feito, porque há outras pessoas a trabalhar comigo. São pessoas de grande qualidade que permitem, de forma injusta, que personalizem o seu trabalho em meu nome.

in Futsal Portugal

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