sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Ganhar ou Formar? Formar Ganhando... Artigo de opinião de Rodrigo Pais de Almeida (Treinador dos Seniores Masculinos dos Leões de Porto Salvo)

Ganhar ou Formar? Formar Ganhando...

Estamos hoje em dia inseridos numa modalidade em franca ascensão mediática e que além da modalidade de pavilhão com mais atletas federados, é a mais praticada em Portugal (se somarmos aos Profissionais, os Semi-Amadores e Amadores). Mas, rapidamente este cenário poderá mudar se não formos nós, Dirigentes, Treinadores, Atletas, Pais de Atletas e Amigos do Futsal a levarmos a modalidade para onde ela deve caminhar.É neste contexto que nasce nos Dirigentes e nos Treinadores de escalões de formação o Paradigma básico da sua existência: Ganhar ou Formar? Para mim a resposta é óbvia e única, Formar Ganhando.Custa-me observar um jogo de formação e ver jovens praticantes semana após semana, treino após treino a não terem a sua oportunidade para demonstrarem o seu valor, que ainda que pequeno se baseou num esforço provavelmente maior do que o praticante mais dotado ou que é mais opção do treinador. Digo-o porque enquanto treinador de formação já o fiz, e hoje sei reconhecer o quanto errei. Se por um lado fiz de uma equipa campeã, por outro acabei com os sonhos de tantas crianças que a única coisa que me pediam treino após treino, jogo após jogo eram alguns minutos para se sentirem parte integrante de algo que para eles era tão importante.Ao jovem que se iniciou na modalidade quantos treinadores já se preocuparam em ensinar as regras do Futsal, os conceitos básicos do passe e da recepção, a movimentação típica num jogo de Futsal, etc, etc, etc…? Quantos Dirigentes já se preocuparam em perceber o envolvimento social e humano do jovem praticante? Quantos pais já se preocuparam na realidade com a formação desportiva dos seus filhos em vez de quererem à força terem em casa um Falcão? É disto que estou a falar! Isto é formar, ou é acumular com a mesma virtuosidade as frustrações de crianças e o pó nas taças da vitrina?Até que ponto é importante sacrificar a formação em prol de uma vitória? Existem treinadores de formação que o que desejam é vencer a qualquer custo, se for preciso sem se preocuparem em perder dois ou três jogadores apenas porque não têm tempo para perder (ou a ganhar) em explicar mais algumas vezes a um atleta que naquele momento se mostra menos disponível ou menos dotado. Mas o que ganham com isso? Uma Taça, um conjunto de medalhas? É verdade, mas ganham também uma lista infindável de atletas que desistiram da modalidade apenas porque alguém subverteu o que parecia obvio, fazerem todos parte integrante de uma equipa.Ao jovem praticante, e desde muito cedo, depois de ensinar as regras do jogo, os conceitos do mesmo, os modelos e tácticas possíveis, devemos todos (Dirigentes, Treinadores e Pais) explicar o conceito de equipa, e além disso exemplifica-lo, como? Treinando, Explicando as vezes necessárias o que é pretendido, mostrar com todos os meios e argumentos as virtuosidades da modalidade… e obviamente, Jogando.Estou seguro que qualquer treinador de formação se sentirá muito mais realizado com um, apenas um jogador, que tenha chegado no inicio de época à equipa sem saber fazer um passe, e que no final seja uma opção de treino, jogo e saiba as regras e conceitos da modalidade, do que qualquer Taça ou medalha de Campeonato. Só assim a modalidade seguirá o seu caminho, e só assim teremos no futuro aquilo que sempre ambicionámos, o Futsal ganhar o seu espaço.Deixo um pensamento que li em tempos:“O ensinar de uma prática desportiva vai muito para além da complexidade de ensinar os fundamentos da modalidade. Desde logo o ponto de partida deve ser o do ensino da Formação Cívica, Humana, do Carácter e do Relacionamento Interpessoal.Assim, o Treinador precisa de ser muito competente do ponto de vista Técnico, mas também assume um papel fundamental o Ponto de vista Humano.Na compreensão destas duas importantes condicionantes, o Treinador concluirá que deve estender o seu conhecimento a todos os seus Atletas, e não apenas aqueles que para si, naquele momento, lhe parecem os mais talentosos…”

Aquele Abraço,
Rodrigo Pais de Almeida

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo(a)s Futsalistas

Li Atentamente, esta coluna de opinião “Ganhar ou Formar? Formar Ganhando” da autoria do Sr. Rodrigo Pais de Almeida (Treinador dos Seniores Masculinos dos Leões de Porto Salvo).

A primeira reacção foi – É isto.

Aqui está alguém que com clareza e bom senso consegue transmitir qual a importância e responsabilidade que os agentes envolvidos nesta modalidade tem como consequência na definição do carácter, personalidade relacionamento interpessoal em suma na Formação Cívica dos Jovens de Hoje, os Homens e Mulheres do Amanhã.

Não conheço o autor desta coluna de opinião. E antes de avançar com o meu comentário a esta temática, fui ler o Sitio onde o Sr. Ricardo P Almeida escreve.

Profutsal “a minha vida no Futsal”

E ai ganhei mais motivação para colaborar com a mensagem aqui deixada. Pois além de assinar como Manel – Adepto de Futsal.

Sou Pai de um Atleta desta modalidade e por inerência tenho o “dever e obrigação” de participar no seu Crescimento – Estando sempre Presente – mesmo com as dificuldades profissionais e pessoais impõem.

Mas faço com gosto e orgulho por ver como o seu crescimento é sustentado e virado para uma aprendizagem de Vida que lhe permita usando um provérbio popular “não lhe dês o Peixe mas ensina-o a Pescar”.

E mais Feliz me deixa por saber que as minhas orientações no seu percurso encontram no seu ainda curto caminho de vida, Pessoas com este perfil, se não vejamos.

(passo a transcrever alguns trechos de opinião e entrevistas dadas)

“Como te defines como treinador?
Penso que sou um treinador que baseia todo o seu percurso no trabalho, no empenho, na capacidade de lutar contra as adversidades e sempre na procura por estar insatisfeito constantemente e a aprender com todos aqueles que têm algo, por muito simples que seja, para ensinar. Um treinador é uma pessoa que procura sempre a perfeição sem nunca a alcançar, pois um dia que o admita que o alcançou, morreu como treinador.”

“Só quero aqueles que acreditam, que ambicionam, quer desejam e que davam quase tudo pelo colega que está ao lado... por esses dou a vida, e vou à guerra com eles!!!”

“Meus Caros,

Passam mais de 24 horas sobre este jogo e ainda me é bastante difícil falar sobre ele... Mas há ilações que devemos TODOS tirar:”

Sou insuspeito e independente – em tudo o que faço na minha vida, nunca foi impedimento nem motivo de entropias em reconhecer valor e afirmá-lo publicamente a quem é devido e esta métrica muda de individuo para individuo naturalmente – dai nestes trechos relevar o que considero importante na forma como actuamos nas causas e projectos que acreditamos.

Chamo a isso Verticalidade, e se o meu filho chega a casa e diz que se encontra Bem eu Estou Bem. E nesse capítulo, seja na Escola ou pelas Colectividades por onde já passou na sua Formação, Valejas A.C e agora CR Leões Porto Salvo considero-me um “Milionário Excêntrico”

Reconhecer que erramos, pela nossa Cultura é um tormento arranjamos sempre forma de nos vitimizarmos, é mais fácil, e a culpa acaba sempre solteira.

Por gostar desta modalidade, como em tudo gosto de me manter informado e procuro a informação.

E esta mensagem deixada, tem entre muitas matérias que li uma que destaco por fazer o casamento perfeito com a ideia aqui subjacente.

Chama-se “Dossier Fabrica de Craques “ escrita num Semanário (creio) por um estudante de Psicologia Social e Organizacional, e tenha cruzado a Psicologia com o Futebol o que resultou um Psicólogo do Desporto. Sr. Pedro Almeida é professor no Instituto de Psicologia Aplicada e está terminar o doutoramento em Psicologia no Desporto.

E tem estes dados interessantes.

“Fundamental no sucesso dos jovens é mesmo o treino e a aquisição de competências físicas, motoras, cognitivas, sociais e psicológicas. E para isso é fundamental que pais e treinadores trabalhem em conjunto, mas cada um no seu lugar!”

E quem lê o texto fica com esta premissa.

“Os pais são o Maior problema” existe um problema de gerações a politica dos três “F” Fátima, Futebol e Fado.

E por consequência quem não quis nos anos cinquenta e sessenta ser o “Eusébio” e na actualidade “FIGO” “RUI COSTA” “CR7” e por ai fora, por essa lógica diz ele haver um número assustador de pais, espectadores que influenciam negativamente os filhos.

Compara o papel dos treinadores aos dos professores, se competirem só para ganhar então está tudo mal. Chama o Estado através da Secretaria de Estado na sua acção em publicar livros, brochuras e folhetos com as chamadas regras de ouro do comportamento dos pais.

Existem também Treinadores sem preparação específica.

No fundo temos aqui um elencar de factos que se não forem reconhecidos por todos os agentes que participam nesta pratica desportiva, iremos perder atletas e jovens porque naquele hiato de tempo, escasso diga-se não se deu a importância devida ao seu empenho em detrimento do resultado.

O atleta será também ele avaliado no fundo pelo;

Nível Técnico
Nível Táctico
Nível Físico
Nível Social
Nível Mental

Em conclusão e pegando ainda num frase sua “modalidade em franca ascensão mediática “.

O Mediatismo!!! - Aconselhava a leitura do livro de Vasco UVA – Capitão dos Lobos –

Hoje é por Portugal – o meu diário no Mundial de Rugby

E porquê? – O espírito de luta, sacrifício, companheirismo, desportivismo e mais, tudo em prol do Colectivo.
E a biografia dos atletas – Aqui o binómio desporto – escola

E termino com mais uma citação (vem neste livro) de “Anatole France, Nobel da Literatura em 1921 “

“ Para conseguir coisas grandes,
Temos não só de agir, mas também sonhar;
Não só planear, mas também acreditar!”

Joguem com Alegria,

1 Abraço,

Manel – Adepto de Futsal